Ile Asé Osun Opara

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Toques para Ogans

TAMBORES E TOCADORES – PARTE III – O SIRE


Em comum acordo entre eles, inicia-se o tocar dos atabaques. Começam a tocar um ritmo típico, mais conhecido popularmente por Arrebate que comporta três variações de ritmos. Este tipo de toque anuncia o inicio da festa e acompanha a entrada das iniciadas no salão.

O Alagbe inicia o sire, agora ele esta no domínio da percussão e do vocal. Ele é o solo e os demais membros da comunidade o coro, um coro afinado, sempre atento a “tirada” das cantigas. Ele irá entoar um numero específico de cânticos a todos os Òrìsà com o intuito de “abrir um portal” “fazer um caminho que ligará os dois mundos” entre os dois mundos orun -aiye. Estes cânticos não são considerados de fundamentos, são cantigas mais leves que não tem maiores compromissos com os mistérios das Divindades, mas de suma importância para um bom andamento da festa. O som dos tambores agora age como um fio condutor de movimento de “vai e vem” de um mundo ao outro, incentivando e limpando o caminho pelo qual as Divindades deverão chegar ao nosso mundo.

A ordem tradicional, não que esta seja considerada de regra, pois cada rama, família ou linhagem tem seus costumes e tradições; mas descrevo a seguinte ordem:
·         Ògún
·         Ode
·         Obaluaye
·         Osanyin
·         Iroko
·         Osumare
·         Nana
·         Òsún
·         Oba
·         Yewa
·         Oya
·         Yemoja
·         Sàngó
     Osala

       

Então ao término do sire, o Alagbe entoa uma cantiga específica, convidando todos os Òrìsàa manifestarem-se em suas noviças. Há um certo numero expressivo de “cânticos de fundamentos” que incitam o transe nos iniciados. Estes são classificados em duas categorias distintas: o coletivo e o individual. A cantiga tem que ser acompanhado pelo ritmo do atabaque, mas a determinados toques que não necessitam do vocal, somente da percussão, como o caso do Adahun.  Certo de que este pertença a Nação Jeje, mas não há divindades que não atendam ao chamado de um dos maiores “toques de fundamento”. Raros são os tocadores que dominam este ritmo, um toque extremamente rápido, mas compassado e se não o for, parecerá com “uma locomotiva passando pelo salão”.

Esta na hora de todos os Òrìsà manifestados entrarem em seus devidos quartos para vestirem-se com suas roupas características, seus adornos e instrumentos de mãos, neste momento o Alagbe inicia um toque denominado popularmente de Hamunha, mas também conhecido por alguns por Avania. Este ritmo também pertence a nação Jeje e utiliza-o tanto para as Divindades  entrarem quanto saírem do salão.

Poderia perguntar, “o porque dos porquês” esta influência da nação Jeje nos Terreiros de Ketu/Nago? Mas levaria tempo em elaborar um trabalho justificável para tal pergunta. Isto sem mencionar os ritmos Bravum, Sató, Modobi e Vivawe que o Povo-do-Ketu “emprestaram” do Povo-do-Jeje. No Ketu chama-mos os atabaques de Ilú, Ilú Otun, Ilu Osí. Algumas cantigas em dialeto Nago são entoadas neste ritmo, onde se percebe facilmente uma mistura e isto ocorre até mesmo nas Casas Grandes. Mas este assunto sobre “miscigenação de nações” deixará para uma outra ocasião.

Então se houve a típica frase “um instante para tomar uma água” “cinco minutos” “não vão embora a festa vai continuar...”.

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